O reitor da Católica de Santa Catarina, Robert Burnett, participou de um debate sobre governança corporativa em empresas familiares durante a plenária ACIJS/APEVI, no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, nesta segunda-feira, 14.
No evento, a presidente do IBCG – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Sandra Guerra, ministrou uma palestra sobre o assunto e, em seguida, quatro convidados compartilharam suas experiências sobre gestão. Além de Burnett, também participaram como debatedores Devanir Danna (Danna Assessoria Empresarial), Luiz Alberto de Castro Wille (Alden Consulting) e Monika Conrads (Duas Rodas Industrial).
A plenária abordou as motivações que levam as empresas familiares a adotar práticas de governança corporativa – conjunto de processos que regulam a maneira como uma empresa é administrada ou controlada. Sandra destacou que as pequenas e médias empresas representam 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e geram 60% dos empregos no Sul do país – região que concentra 30% das 250 PMES que mais crescem no Brasil. Outro dado importante é que as empresas de constituição familiar correspondem a 73% da atividade empresária no país.
A palestrante ressaltou que um dos principais desafios das empresas familiares é preparar a sucessão. Estudos recentes mostram que a maioria dos negócios familiares não se ocupa como deveria da sucessão dos executivos. “Muitas vezes, o fundador tem dificuldade de transferir a confiança que tem nele mesmo para outras pessoas”, comenta.
A presidente do IBGC também reforçou a necessidade de estabelecer ferramentas para perpetuar os valores centrais da família. Uma delas é um documento com regras claras para o andamento do negócio, com a definição de como será o processo de tomada de decisão (conselho ou diretoria), quais os poderes desses órgãos e quais as regras para os membros da família participarem do negócio – como, por exemplo, definir a partir de que idade podem trabalhar na empresa, se é necessário fazer determinado curso ou ter experiência anterior no mercado de trabalho para assumir um cargo, entre outros fatores.
Também é preciso decidir como irão ocorrer os encontros de negócios – se através de reunião entre os fundadores, assembleia com integrantes da família eleitos para representar a empresa ou de um conselho familiar, com a participação de todos os membros. Outras definições necessárias são: a regulamentação sobre a entrada e saída de sócios e administradores, criação do estatuto da empresa e do código de conduta, fazer uma análise de competências e realizar pesquisa de mercado sobre a distribuição de resultados e remuneração dos profissionais.
“É preciso ter transparência e preservar o espaço da família para direcionar o negócio. É necessária a separação clara entre papéis para o negócio não perder o caráter distintivo de empresa familiar e garantir o engajamento das próximas gerações”, orienta.
Após a palestra, os debatedores falaram sobre os benefícios da governança corporativa como modelo de negócios. Monika Conrads comentou que não é necessário criar sistemas complicados nem realizar grandes investimentos para aplicar a governança corporativa nas pequenas empresas familiares, mas sim estabelecer regras claras e manter a disciplina para que o negócio atinja seus objetivos.
O reitor da Católica SC, Robert Burnett, compartilhou sobre o modelo de gestão no Grupo Marista, que congrega 100 irmãos maristas – todos em funções de gestão e com diferentes idades – e 14 mil colaboradores. O Grupo Marista atua nas áreas de educação, solidariedade, saúde e comunicação, por meio de uma agremiação sem fins lucrativos com o objetivo de compartilhar práticas de gestão.
Crédito das fotos: Flávio Ueta, ACIJS, Divulgação