Duas vezes por semana, o refeitório da Escola Francisco Solamon, no Bairro Santo Antônio, em Jaraguá do Sul, vira um dojô de artes marciais. A mudança no cenário acontece por causa do Projeto Lutar Pela Vida, promovido pela Católica de Santa Catarina em comunidades carentes de Jaraguá do Sul e Joinville, cidades onde a Instituição atua. As aulas gratuitas de caratê não alteram só o espaço físico da escola: as crianças também são modificadas pelo poder transformador do esporte.
O sensei Nelson Mário Aguiler Filho é testemunha dessa transformação. Há um ano dando aulas no projeto, Nelson afirma que o comportamento e do desempenho escolar das crianças mudam de uma forma visível. “O caratê ajuda na disciplina e resgata valores como a integridade e o respeito a si mesmo e ao próximo. Esse trabalho de formação reflete positivamente nas notas”, destaca.
O Projeto Lutar Pela Vida é realizado há cinco anos e atende crianças de escolas públicas de Jaraguá do Sul e Joinville. A iniciativa foi realizada pela Associação Diocesana de Promoção Social (Adipros), em Joinville, até ano passado. Neste ano, passou a ser conduzida pela Católica SC.
As aulas de caratê acontecem nas escolas Francisco Solamon, no Bairro Santo Antônio, em Jaraguá do Sul, e Wittich Freitag, no Bairro Aventureiro, em Joinville, beneficiando cerca de 130 alunos do 5º ao 9º ano. As aulas acontecem dois dias por semana, sempre no contraturno do período escolar.
Para participar, os estudantes interessados precisam cumprir algumas exigências: ter entre sete e 14 anos, frequência de 100% no ano letivo e nos treinamentos (excluindo-se as faltas com atestado), média acima de 7 no boletim e apresentar bom comportamento dentro e fora da sala de aula.
Na Escola Francisco Solamon, os treinamentos têm a participação de 52 estudantes. O diretor, Solamon, Cleunir Sehn, diz que o Projeto Lutar Pela Vida tornou-se uma referência para a comunidade em seus cinco anos de existência. “Os professores relatam que os alunos do caratê ficam mais concentrados e dedicados em sala de aula. Os pais e os estudantes também sabem do retorno positivo que a iniciativa traz, tanto que existe lista de espera para participar”, comenta.
A estudante da 8ª série Maria Eduarda Galante, 13 anos, vestiu o kimono pela primeira vez há dois anos e meio. Desde então, não foi só o visual de carateca que fez a jovem ficar diferente; a mudança foi também interior. “O projeto me ensinou que cada um precisa fazer sua parte pela sociedade. Eu sempre procuro fazer a minha, sendo um bom exemplo para os alunos mais novos”.
Crianças aprendem e também ensinam
O Projeto Lutar Pela Vida é uma das iniciativas promovidas por meio do Projeto Comunitário – componente curricular que prevê a realização de atividades sociais nas comunidades onde a Católica SC está inserida, com a participação dos acadêmicos. Além das aulas de caratê, o Lutar Pela Vida oferece às crianças outras atividades, como palestras e oficinas, também no contraturno das aulas.
Uma das profissionais que acompanha o projeto é a educadora social e estudante da 3ª fase do Curso de Direito da Católica SC em Jaraguá do Sul, Fabiana Tasca. Fabiana afirma que as crianças do projeto não só aprendem a ser pessoas melhores, mas também ensinam aos adultos valores importantes para a vida.
“Você passa a valorizar mais as pessoas, a compreender os problemas do outro e a prestar mais atenção no que acontece ao seu redor. A gente aprende a dar menos importância para coisas fúteis e a ter mais empatia, que é uma característica fundamental para melhorar a sociedade”, avalia.
Outras informações sobre o projeto podem ser obtidas pelo telefone (47) 3275-8330.