O fotógrafo Marco Antônio Struwe, de Indaial, apresenta até o dia 3 de março trabalhos que compõem a exposição “Linhas”, na Biblioteca Padre Elemar Scheid, junto ao campus de Jaraguá do Sul do Centro Universitário – Católica de Santa Catarina.

A visitação é gratuita, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas, e aos sábados das 8 às 12 horas. A biblioteca está localizada a Rua dos Imigrantes, 500, Vila Rau. Informações pelos telefones (47) 3275-8253 e 3275-8233.

Marco Antônio Struve é graduado em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e atualmente cursa especialização em fotografia na Uniasslvi. Escritor e poeta, publicou os livros “Equilíbrio impossível”, “A arte de ser imperfeito” e “Orações no caminho do servir”, participando ainda de várias coletâneas. Como artista plástico participou de dezenas de exposições, destacando-se a “Mostra de Arte Catarinense” em 2008. Filiado ao Foto Clube de Santa Catarina, participa de várias exposições coletivas e individuais, entre elas “Oito – Artes Visuais Indaialenses” e “Azul”. Do final de 2011 até o começo deste ano participou  da Mostra SESC de Arte Contemporânea do Vale do Itajai: “Aldeia, memórias e identidades”.

“Linhas” é a primeira individual do artista, projeto que ele define como um fio, um elemento que compõe os tecidos, as redes elétricas e telefônicas; uma figura geométrica que pode ser uma curva, uma reta, um círculo; um trilho, um caminho. Uma visão. Se o ponto é a menor forma, o vínculo entre o silêncio e o verbo. As linhas seriam o resultado de um movimento. As horizontais, calmas e frias, niveladas, terrestres, uniformes. As verticais, quentes, união entre o divino e o humano. O encontro das duas (o ângulo reto dos triângulos) seria então o encontro do divino com o terrestre sem se interpenetrarem. As diagonais, dinâmicas.

Marco Struwe conta que a proposta inicial da exposição surgiu durante a preparação da exposição “20 olhares novos” que aconteceu no Centro Cultural da Justiça Federal do Rio de Janeiro depois de longas conversas e trocas de correspondência com Flavio Damm, curador da exposição e um dos mais importantes fotógrafos do País, que afirma textualmente: “Há no teu trabalho uma composição cuidadosa e pelo oportunismo do dedo no disparador da câmara na hora única, e como tal, certa. Escolhi como sabes a foto do pássaro nos fios que tem para mim um encanto especial, visto que sofro de uma deformação profissional por linhas… Fica para ti a sugestão aí já tens as fotos com o tema linhas que me marcaram muito, explora a tua visão única.”

Sobre o artista, afirma que “seu trabalho é enraizado na melhor tradição da fotografia”. Sua visão é potencial. Seu trabalho é puro. É direto. Não conta com truques de processo. O trabalho é brutalmente direto. Destituído de frivolidade; destituído de adornos e de todo  “ismos”; destituído de qualquer tentativa de mistificar. “Essas fotografias são a expressão direta de hoje.” Nos modos de ver, entre a objetiva e o olho; nas maneiras de fazer; entre a máquina e a mão; nas formas, entre o nítido e o indistinto; na postura, entre a imitação e a interpretação.

Uma irreverente mistura de elementos triviais e funcionais, grandiosos e decorativos. O resultado é uma experiência intensa e reveladora na qual podemos sustentar por longo tempo o olhar sobre aquilo que corriqueiramente passa diante de nós, elementos imprevisíveis e ingovernáveis que podem criar resultados mágicos. Coisas que não conseguimos perceber a olho nu. Os temas dessas fotos, abrangendo uma gama de locações fabricadas, arquitetônicas, ecológicas, prenhes de informações visuais capturando de maneira poética o espetáculo do mundo criado, transformado, pelo homem.

Ele não nos convida a fazer parte das cenas ou a nos solidarizar com as relações apresentadas, tampouco a pensar que essas imagens revelam momentos especiais do passado, mas sim a nos surpreender com suas perspectivas, com o prazer de esquadrinhá-las como fotos.

Fotografa suas cenas de um ângulo preciso. Essa escolha proposital reconhece o fato de que alguns ângulos tornam a perspectiva (ou a experiência) do fotografo mais evidente para o observador, enquanto outros, não. Cada foto transmite o encantamento de ir até esse local e vê-lo a cada momento por um novo prisma. São imagens deliberadamente alheias ao tempo, mas vinculadas aos sinais que nos colocam em contato com profundos e desestabilizadores conceitos sobre a nossa percepção do mundo.

A fotografia é ferramenta destinada a provocar no observador um dialogo interno e uma atitude contemplativa. A matéria cotidiana é dotada de uma carga visual e de possibilidades imaginárias que vão além de sua função trivial, alimentando nossa curiosidade visual, encorajando-nos de maneira sutil e imaginativa a contemplar por um novo prisma as coisas que nos rodeiam no dia a dia. Com um estilo fotográfico discreto, uso de luz ambiente, ele transforma essas cenas em observações poéticas sobre a maneira como conduzimos nossa vida por meio de atos inconscientes. Seu processo consiste em se manter atento às possibilidades dos temas cotidianos resultando geralmente de uma meditação sobre as maneiras como a fotografia pode conferir forma e substancia intelectual até mesmo aos motivos mais insuspeitos.