Preocupado com a sustentabilidade, um engenheiro de produção formado pela Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul criou um material ecologicamente correto a partir do tronco da pupunheira – palmeira que produz um fruto muito nutritivo e com alto valor energético chamado pupunha. Assim, o resíduo que atualmente é jogado fora, foi reaproveitado para desenvolver um tipo de piso que pode ser usado em quadras poliesportivas e assoalhos para escritório.

A descoberta de Eugênio Luís Mathedi, 26 anos, aconteceu durante o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação em Engenharia de Produção, apresentado em fevereiro. Ao perceber que o tronco da pupunheira apodrecia no meio ambiente por não ter nenhuma utilidade, ele buscou utilizar o insumo para criar um material semelhante à madeira. Procurou uma fábrica paulistana de joias e bijuterias ecológicas e lançou o desafio: criar um taco de longa vida útil a partir da planta.

Depois de vários testes, a empresa conseguiu desenvolver, com bons resultados, o material proposto por Eugênio. Constatou-se que o taco feito a partir da pupunheira era, inclusive, mais resistente ao desgaste físico do que o fabricado com as madeiras mais utilizadas – como ipê, cambará e tauari.

Porém, o estudo de viabilidade financeira constatou uma desvantagem: o preço do taco sustentável seria 166% mais caro do que os comercializados atualmente. A empresa que fabricou a peça orçou que o valor de venda do produto seria de R$ 4,00 por unidade, enquanto o taco de madeira comum custa R$ 1,50. Eugênio avaliou que, para cobrir uma área de 435 metros quadrados – tamanho padrão de uma quadra poliesportiva – seriam necessários 70 mil tacos. Isso totalizaria um custo de R$ 280 mil, o que tornaria uso do material inviável para a maioria das empresas.

A pesquisa de Eugênio pode abrir caminhos para a realização de outras pesquisas e planos de negócios que buscam reaproveitar o estipe da pupunheira. Durante o levantamento de informações para o trabalho, Eugênio encontrou na Internet uma única empresa no país que reutiliza esse insumo. O empreendimento, localizado no Rio de Janeiro, usa o resíduo para fabricar shape para skates.

Para o engenheiro, o baixíssimo número de negócios que exploram esse recurso natural mostra que o país tem muito a crescer no que diz respeito à sustentabilidade. “É importante que a gente estude alternativas sustentáveis para satisfazer nossas necessidades, reaproveitando os recursos que a natureza dispõe. Esse tipo de investimento ajuda a reduzir problemas ambientais, para que possamos ter uma melhor qualidade de vida no futuro”, comenta.

Você sabia?

O Brasil é um dos maiores produtores de palmito mundial, com amplas áreas de plantio na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica. Estima-se que a exploração de espécies nativas como juçara, açaí e pupunha gere uma produção de cerca de 100 mil toneladas anuais.

Eugênio desenvolveu alternativa para o setor de construção a partir de resíduo que é jogado fora

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