Indústria 4.0, Sociedade 5.0, Internet das Coisas, Big Data, inteligência artificial. Se você costuma acompanhar reportagens sobre tecnologia na TV e nos jornais, já deve ter lido ou ouvido falar desses conceitos. Nesse cenário de modernidade em que vivemos, onde as coisas estão cada vez mais automatizadas e inteligentes, é difícil não imaginar que, em um futuro próximo, os robôs serão capazes de realizar todas as tarefas que hoje são feitas pelos seres humanos. Mas, será que é isso mesmo?

Para o professor da Católica de Santa Catarina e mestre em Engenharia de Produção, Juliano Reinert, a evolução tecnológica não representa a substituição do ser humano pela máquina, mas, sim, uma aliada na execução de determinados tipos de tarefa. De acordo com ele, grandes economias mundiais, como Japão e Alemanha, defendem que a interconectividade existe para melhorar a vida das pessoas, tornar o nosso dia a dia mais prático e nos ajudar a ser profissionais melhores.

“As máquinas irão executar as atividades mais repetitivas e liberar as pessoas para que possam realizar tarefas realmente importantes, que exijam habilidades como emoção e criatividade”, avalia. Juliano destaca que, diante do avanço da tecnologia, o profissional deve buscar se capacitar constantemente para acompanhar as mudanças e aprimorar o que realmente sabe fazer para garantir seu espaço no mercado de trabalho – independentemente da sua área de atuação.

Um estudo feito pela consultoria de gestão BCG estima que 400.000 postos de trabalho serão abertos nas indústrias alemãs, reconhecidas pelo alto desenvolvimento tecnológico, até 2025. Serão funções como coordenadores de robôs ou cientistas de dados. Os novos empregos deverão compensar uma perda de mão de obra estimada em 170.000 postos, que ficarão obsoletos e deverão ser ocupados por autômatos.

Na data em que é lembrado o Dia da Ciência e Tecnologia, confira a análise feita pelo especialista sobre como as novas ferramentas ajudarão profissionais de cinco áreas do conhecimento a serem melhores no que fazem.

Ciências Exatas

Nos próximos anos, profissões ligadas às áreas de engenharia e de tecnologia da informação estarão em alta, pois o mercado precisará de profissionais que realizem a integração e a programação das máquinas, incluindo a segurança da informação. De acordo com o professor Juliano, essa tendência está relacionada a um conceito cada vez mais presente no nosso dia a dia: a Internet das Coisas, com a crescente interconexão de objetos à rede. Fazem parte dessa nova realidade carros inteligentes, celulares, eletrodomésticos, peças do vestuário com sensores, entre outros recursos digitais que tornam a nossa vida mais prática.

“A inteligência artificial ajudará a prever falhas em equipamentos e a otimizar processos para melhorar a eficiência. Porém, as máquinas não fazem nada sozinhas: precisam de profissionais capacitados para lidar com os equipamentos que tornarão as indústrias mais produtivas”, comenta o professor Juliano.

Crédito: Blog do Enem

Crédito: Blog do Enem

 

 

 

 

 

 

 

Ciências Jurídicas

O trabalho do advogado também sofrerá impactos e necessitará que o profissional se capacite para acompanhar as novas tecnologias. Os modernos sistemas de dados farão com que o advogado tenha acesso, mais rapidamente, às legislações que o ajudarão a fazer defesas mais assertivas para os clientes.

Outra mudança é que a busca por informações jurídicas relevantes será cada vez mais rápida, por meio do aprimoramento dos sistemas de pesquisa e consulta às leis. Essa melhoria ocorrerá por meio de soluções como Big Data (termo que descreve o imenso volume de dados estruturados e não estruturados que impactam os negócios no dia a dia), Machine Learning (máquina que aprende) e análise de dados por inteligência artificial, que irão se popularizar nos próximos anos.

“O profissional poderá aproveitar o tempo que dispendia pesquisando para estudar sobre a sua área de atuação e a aperfeiçoar os argumentos relacionados ao processo”, avalia o especialista.

  Crédito: http://conceptodefinicion.de

Crédito: http://conceptodefinicion.de

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciências Humanas

Mesmo com o avanço da tecnologia, o trabalho de sociólogos, filósofos, jornalistas, publicitários e de outras profissionais ligados à área de ciências humanas continuará sendo fundamental para questionar a realidade, divulgar produtos e serviços e relatar fatos e informações importantes. Porém, em um futuro próximo, esses conhecimentos ganharão novas formas de serem disseminados.

Assim, um filósofo ou sociólogo poderiam ajudar uma máquina a pensar, a partir do grande volume de informações disponíveis na internet, sobre os diferentes ângulos dos assuntos que afetam diretamente as pessoas – exercício de análise fundamental para que a sociedade possa aprimorar suas políticas públicas.

Já os jornalistas e publicitários terão à disposição ferramentas modernas para produzir e divulgar seus trabalhos de forma mais rápida, atingindo um maior número de pessoas. “Emoção e criatividade são duas capacidades do ser humano que a máquina não tem. Por isso, profissões que exigem essas habilidades nunca deixarão de existir”, destaca Juliano.

Crédito: datanews.levif.be

Crédito: datanews.levif.be

 

 

 

 

 

 

 

Ciências Sociais Aplicadas

A tecnologia ajudará arquitetos e designers a agilizar o desenvolvimento de projetos e a criar propostas personalizadas e únicas. Nos próximos anos, ferramentas de realidade aumentada ajudarão os profissionais a simularem cenários mais fidedignos às necessidades dos clientes, ajudando-os a economizar tempo e dinheiro – evitando que o trabalho seja refeito por não atender às expectativas.

“A inteligência artificial vai ajudar a criar não só trabalhos mais qualificados, mas também a oferecer soluções para dificuldades comuns da sociedade que hoje não são adequadamente atendidas”, pontua Juliano. Ele cita como exemplo o crescimento da arquitetura e do design inclusivos, que estão ajudando as pessoas com deficiência a se tornarem mais independentes e que tende a ganhar ainda mais espaço no futuro.

Crédito: http://2op.com.br

Crédito: http://2op.com.br

 

 

 

 

 

 

 

Ciências Biológicas

As tecnologias não irão substituir o trabalho dos médicos, biomédicos, enfermeiros, terapeutas e outros profissionais da saúde, mas serão aliadas no trabalho de ajudar as pessoas a viverem mais e melhor. Especialistas preveem que, no futuro, sensores de monitoramento conectados ao nosso corpo ajudarão a detectar doenças muito antes de elas evoluírem. Assim, o médico poderá focar na prevenção à saúde do paciente em vez de tratar problemas que poderiam ter sido evitados.

O professor lembra que alguns recursos desse tipo já são bastante usados hoje em dia – como os relógios de pulso usados para a prática de atividades, que enviam dados sobre o número de passos, calorias gastas e batimentos cardíacos. Mas a tendência é que evoluam e se tornem cada vez mais comuns.

“Dispositivos que medem a pulsação, a temperatura do corpo e a qualidade do sono ajudarão os médicos a diagnosticar doenças antes mesmo que os pacientes percebam os sintomas”, exemplifica Juliano.

Crédito: livestrong.com

Crédito: livestrong.com